segunda-feira, 6 de maio de 2013

Ludificação de formiguinha

Ludificação é o uso de técnicas de design de jogos que utilizam mecânicas de jogos e pensamentos orientados a jogos para enriquecer contextos diversos normalmente não relacionados a jogos.
Para quem não conhecia, taí o significado de ludificação.

Para quem já conhecia a ideia, possivelmente conhecia-a com seu nome em inglês: gamification.

Meu ouvido já tinha sido "presenteado" com a incrível tradução "gamificação". Quer dizer: o cidadão tem a manha de usar duas línguas diferentes na mesma palavra. Jogou a fonética no lixo, deu uma bicuda na clareza, estraçalhou a acessibilidade. Como se o nosso ouvido fosse pinico.

Já o outro cidadão, um tal de Jaccoud (usuário da Wikipédia), traduziu brilhantemente a palavra gamification para o português, resultando nesse termo preciso e bonito: ludificação!

Estou maravilhado... Não tenho palavras para descrever minha felicidade! Havia muito tempo que eu pensava em um possível jeito de expressar essa ideia em português decentemente, e nada me vinha à cabeça... Agora, já posso fazer isso!

Quem é frequentador assíduo aqui, ou me acompanha no twitter, ou mesmo - por que não? - conhece-me pessoalmente, sabe o quanto eu curto a língua portuguesa e o quanto milito seu uso correto. Aliás, eu milito o uso correto da língua inglesa também (principalmente pronúncia) . Aliás, eu milito o uso correto de qualquer coisa!!

Não acho que estejamos no mundo a passeio. Não acho que "tudo bem" sair fazendo tudo de qualquer jeito. Não acho que "ihhh, isso aí não é nada". Acho que tudo conta. TUDO! Você sabe o que é tudo? Eu também não :)! Também nunca conheci o verdadeiro tamanho e abrangência de "tudo". Mas tudo bem. Até onde "tudo" for, continuo acreditando que tudo conta.

Também acredito no seguinte: estamos no mundo para aprender. Aprender = aprender a fazer as coisas certo, direito, decentemente, como preferir (olha só, temos três opções!). E isso começa pelas palavras que saem de nossas bocas. Aliás, começa antes: nos pensamentos que passam por nossas cabeças. No entanto, essa parte de vigiar os pensamentos é mais difícil, exige mais trabalho e dedicação para aprimoramento. Então, nem precisamos ir tão longe. Podemos começar pelas palavras fisicamente ditas, mesmo.

Você quer fazer desse mundo um mundo melhor? Garanto a você que você não vai conseguir começar já de cara acabando com toda a fome, salvando todas as baleias, preservando todas as árvores, zerando a violência. Talvez você consiga, sim, fazer alguma dessas coisas, ou até todas elas! Mas não vai ser logo no começo. No começo, você dará passinhos de formiga. Você fará coisas que não dão IBOPE. Você fará coisas tontas, coisas para as quais poucas pessoas darão valor, coisas que parecerão ter pouca influência, porque terão pouca influência mesmo! Verdade seja dita.

A questão é que a pouca influência de hoje é a muita influência de amanhã, caso você siga trabalhando nos seus sonhos. O trabalho de formiguinha de hoje pode evoluir, caso você dedique-se a isso. E esse trabalho evoluído, experiente, esse sim, fará diferenças grandes no mundo.

Quando eu defendo os detalhes, não estou de brincadeira. Quando eu digo coisas que sei que a maioria das pessoas acha besteira, sei muito bem que a maioria das pessoas acha que é besteira. Sabe por quê elas acham isso? Porque talvez seja, mesmo! Talvez seja, hoje. Mas a besteirinha de hoje é a questão mundialmente importante de amanhã.

Será que o senhor de terras que inventou de começar a tratar humanamente seus escravos estava apenas perdendo tempo e dinheiro lá no século sei lá o quê? Será que o índio que sabia usar bem a Terra sem detoná-la estava sendo retrógrado, e aí chegaram os europeus e "ensinaram a eles o jeito certo de fazer"? Será que o agricultor que foi contra a adoção de agrotóxicos na década de 70 estava doidinho de pedra? Ou será que essa galera toda apenas fazia o que sentia estar correto e acreditava ser o melhor? E hoje, em pleno 2013, essas atitudes "ultrapassadas, esquisitas e malucas" não são parte do sonho da humanidade atual? Movimentos pelo fim do trabalho escravo, pesquisas de manejo sustentável, agricultura orgânica... Você acha que a galera dessas áreas está de brincadeira?

Será que a vanguarda do mundo está mesmo dentro de circuitos eletrônicos integrados? Ou está nas pessoas, sendo que algumas delas fazem circuitos? Pessoas, essas, que poderiam fazer quaisquer outras coisas. Não seriam os eletrônicos apenas fruto do nosso contexto atual, sem nenhuma obrigação de continuarem sendo no futuro?


Eu sei que eu vivo batendo nas mesmas teclas já faz um bom tempo. E talvez eu esteja sendo repetitivo. Peço desculpas se for o caso. Eu só repito essas ideias porque continuo sentindo que elas são importantes, e até um tanto urgentes. Gostaria muito de saber o que você, caro leitor, acha disso tudo. Se puder deixar um comentário, agradeço! Concordando, discordando ou acrescentando, sua opinião será bem-vinda.


Um comentário:

Luiz disse...

Ótimo post, Fi!

Também acredito muito na importância dos detalhes. Como já me disseram: se você vai trilhar um longo caminho, qualquer diferencinha de direção no começo dessa jornada vai te levar a um lugar completamente diferente. O mesmo vale para nossas atitudes (seja com relação à língua ou a qualquer outra coisa, como você disse): qualquer desvio, por menor que seja, pode nos levar, no fim, a estarmos completamente enganados.

Continue postando sobre isso e, mais importante: continue aplicando isso na sua vida! :)

Abraço!